Por que ninguém fala de fracasso?

E a decisão de começar uma newsletter

Não há inovação e criatividade sem fracasso. (Brené Brown)

Enquanto você lê isso, o Google mostra 913 milhões de resultados ligados à palavra sucesso e 20 milhões para fracasso¹.

Colocando em proporção, é como se, a cada 100 links, 98 vão te narrar as glórias e o universo poderoso de quem chegou lá e apenas 2 vão dar a real sobre o que acontece com quem parou no meio do caminho.

Pergunta honesta: em qual deles você aprenderia mais? Qual é mais próximo da sua realidade?

Essa proporção dos resultados é uma fotografia borrada da realidade. No Brasil dos últimos quinze meses, o saldo entre empresas que abriram e fecharam é negativo: o país perdeu mais de 700.000 negócios. Na inovação, foco deste projeto, a realidade é dura: Segundo o Startupi, 7 a cada 10 startups morrem antes dos 5 anos. Nos EUA os dados são ainda mais assustadores, 80% das startups falham após os primeiros anos.

É, os dados não mentem. Há muito mais chance de falhar, fechar, falir, fracassar, dar errado. Não chegar lá é o mais comum. Mas por que pouco se fala sobre isso?

Tente digitar no Google “Startup sucesso” e “startup fracasso” e veja a mesma proporção dos resultados, 97 pra 3².

Euzinha que vos fala, nas páginas da Pequenas Empresas Grandes Negócios, antes de fracassar. A página com a matéria completa está no fim do post.

Onde fica tanto aprendizado?

Sim, fracassar doi e muita gente quer mais é esquecer e seguir em frente.

Mas pra onde vai tudo o que ele ensina? As lições são valiosas demais para se esconderem no fundo de memórias que às vezes se quer esquecer.

Eu levei 3 anos pra minimamente me curar do meu fracasso. Eu ia colocar a palavra entre aspas, mas não vou e aqui começo a explicar meu objetivo.

Fracasso. Entre. Aspas. É neste lugar que o embrólio começa.

Ninguém gosta desse termo, a gente foge dele. É pejorativo, dá um nó no estômago. Tenho falado com muitas pessoas e a ojeriza é geral. O pessoal tem feito longos malabarismos semânticos para fugir do termo.

O fracasso ensina mais que o sucesso, só que a gente não fala sobre isso. E se deparar com ele é extremamente solitário.

Ninguém fala sobre fracasso no país e por isso decidi criar a primeira newsletter focada em contar as histórias de quem não chegou lá. Tenho carinhosamente chamado de:

Um projeto literário sobre negócios que quer ressignificar o peso que a palavra fracasso carrega.

A FailWise quer trazer insights inteligentes que só o fracasso ensina. Uma newsletter inspiradora para empreendedores que vão cometer outros erros, não estes.

Eu estou há anos luz de onde estaria se não tivesse empreendido - e fracassar foi uma parte da jornada, não a definição inteira. Quero mostrar a força hoje invisível do que ficou pelo meio do caminho.

Como vai funcionar:

Bom, minha alma ainda é empreendedora e hoje pago minhas contas iterando: faz, testa, avalia, pega feedback, evolui. Assim vai ser. Por ora, o primeiro texto vai contar sobre o meu fracasso e, a cada 15 dias, o de uma pessoa generosa o suficiente para compartilhar o seu por aqui.

Conheça a minha história, que inaugura a news:

Por que quero ressignificar esta palavra numa newsletter

Quero trazer um novo olhar sobre o que acontece quando não se chega lá.

E me parece que palavras não são suficientes em nenhuma outra rede social. Preciso de mais palavras e tempo para isso. Escolhi o Substack porque quero apenas escrever e aqui encontro um lugar perfeito.

Não quero virar pose, nem me enquadrar num frame do momento ou me recortar pra caber em instantes.

Não quero me adaptar. Quero escrever, no tempo que for.

Quero retomar este poder que me resgata à superfície um pouquinho a cada uso: o de escolher cada palavra, sua cadência, seus encaixes. Operar meu ofício minucioso de artesã de frases e parágrafos me energiza.

As palavras sempre foram sagradas pra mim porque elas são exatamente o suficiente.

Um alívio dessa loucura incessante de ser esteticamente agradável ou forçadamente memética ou incrivelmente rasa porém engraçadinha por vinte segundos no máximo, num looping infinito.

Me sinto incrivelmente empolgada em fazer isso aqui, agora. Eu só quero escrever e é um prazer estar de volta. 

Obrigada por me acompanhar.

Nati

1. Resultados para o dia 11.10.23, buscando em português e no Brasil.

2. Mesmos dados acima e 12,4M para startup sucesso e 337mil para startup fracasso.