Uma decisão que matou a startup
História da Drafteam, um fantasy game que escolheu não pivotar no que traria mais dinheiro.
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No. 26 — Novembro, 2024.
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O começo
Antoine Curti é empreendedor, ex-estrategista do Google e em 2017 co-fundou a Drafteam, um fantasy game que captou quase R$1M com investidores estratégicos, atingiu a marca de 400 mil times formados e encerrou as atividades dezoito meses depois.
Nesta conversa, passamos por:
Motivação para empreender e desafios do seu contexto familiar
O que foi a Drafteam
Como fazer acordo de sócios para ter sucesso (Antes, Antoine era chefe. Depois, passou a ser “liderado” pelo sócio)
Difícil decisão de não pivotar para um app de apostas
A estratégia de captação que deu certo (com cold messages no Linkedin!)
Esta conversa foi planejada como todas as outras: eu gravo a entrevista para fazer o texto depois. O roteiro não foi pensado para virar vídeo ou podcast… então me deem um desconto. ;)
O Drafteam foi pioneiro em outros esportes que não o futebol. Imagem: acervo pessoal.
🧠 Principais Insights:
Fantasy Game é um jogo onde se escalam times formados por atletas reais. O desempenho depende das estatísticas e atuações desses atletas em partidas oficiais. É como ser o técnico de um time, mas no mundo virtual!
Na época, o setor nos EUA movimentava mais de 1BI de dólares.
Cartola é o mais conhecido. A Drafteam foi o primeiro no país a trazer múltiplos esportes, como os jogos da NBA - carro chefe da startup.
De subordinado a “chefe”: como ambos os fundadores fizeram a sociedade dar certo.
O sócio teve a ideia e acordaram uma participação menor para Antoine.
Tiveram todas as discussões difíceis antes de assinar contrato. Colocaram egos à prova e alinharam expectativas em múltiplos cenários. A parceria teve sucesso e continuam amigos.
“Não acredito em 50:50. Sou a favor de ficar claro quem é o dono. Quem tem autoridade de desempatar”.
Tão importante quanto a escolha do sócio, é a de quem está ao seu lado na vida pessoal:
“Ter um cônjuge parceiro muda tudo na sua vida e dá coragem e autoconfiança… ajuda muito a determinar o quanto que você vai conseguir ir atrás do seus sonhos.”
A decisão mais difícil, que contribuiu para a empresa não dar certo, foi a do modelo de negócios. Diferente das concorrentes, não premiavam quem ‘hackeava’ o jogo, usando algoritmos para aumentar a probabilidade de vencer. Isso resultava em baixa jogabilidade: 70% dos prêmios iam para 2% dos jogadores.
Conscientemente priorizaram a experiência do usuário e a diversão. Jogar era sempre de graça e para concorrer a prêmios era preciso comprar um ticket e atingir a meta de pontos do dia.
O modelo provou-se pouco rentável. Monetizaram por dois meses, aproximadamente R$ 5.000, e perceberam que não seria suficiente.
“A vida real não é exceção. Tem que pensar como você vai faturar.”
Para ganhar dinheiro mesmo, precisariam virar um app de apostas. Ou serem adquiridos por um grande canal de mídia (como o Cartola é para a Globo).
Tinham investidores interessados e uma visão promissora de produto, algo como um Tinder de apostas. A decisão foi de não ir por este caminho e encerrar antes de acabar o dinheiro (burn rate era de +- R$ 50 mil por mês).
“Tem tanto problemas para resolver na humanidade, não queria passar alguns anos da minha vida fazendo isso. Não tinha motivação interna”.
Conseguiram captar R$ 650 mil e escalar um time de investidores “dos sonhos”.
Antoine mandou mensagens no Linkedin para várias pessoas estratégicas: quem sabia muito de jogos, de cloud, finanças, B2C…
Resultado: CFO do Paypal, diretor do X-box no Brasil e especialista em cloud do Google viraram investidores.
Ao fim da edição você confere a mensagem na íntegra e o pitch enviado.
Como era o Drafteam. Imagem: acervo pessoal/
💡 Principais aprendizados:
Pense na monetização desde o dia 1. Monetizar não é algo que se improvisa depois. A estrutura financeira do negócio deve ser pensada enquanto a ideia é construída.
Não tem garantia de monetização futura. Depender unicamente da tese de que “os usuários vêm primeiro, o dinheiro depois” é um risco que pode custar caro.
Prepare-se para o desafio de ser B2C. O modelo exige altos volumes de usuários e uma base sólida de faturamento, o que pode dificultar o acesso a venture capital, já que níveis de confiança em negócios B2B são maiores.
Saber quando encerrar é também ser estratégico. Continuar até encontrar uma maneira de transformar o negócio em um fluxo de caixa atrativo leva tempo. Decidir parar é, muitas vezes, escolher apostar em outro futuro mais promissor.
Clareza sobre princípios pessoais é uma bússola infalível. Não há nenhum arrependimento em ter priorizado uma boa experiência do cliente e em não ter virado um site de apostas.
🎯 Novas escolhas:
O que fez igual ao começar seu novo negócio?
Colocar o cliente no centro, com foco absoluto em entender o que ele quer e encontrar maneiras de entregar isso.
E o que fez diferente?
Entender que empreender não é só fazer algo tecnológico, que precisa ser pensado para escala. Antoine hoje é fundador da nowle, uma agência de marketing digital para SMB e startups. Decidiu conscientemente apostar em um modelo de negócio validado, sem grandes riscos, para gerar caixa desde o primeiro mês.
“Enquanto você não dá dinheiro, você não é dono do seu destino”,
frase que ouviu de um amigo e carrega para qualquer decisão de negócio.
Conecte-se com Antonio no Linkedin. Conheça sua agência de marketing digital aqui.
🔈 Neste episódio, cobrimos:
(00:00) - Minha introdução
(00:55) - Motivação e background do empreendedor
(3:10) - O que foi a Drafteam e conceito de Fantasy Games
(3:45) - Contexto familiar e a tese da startup
(8:13) - Planejamento e suporte para largar emprego
(10:41) - Estrutura societária
(13:04) - Construindo o produto e levantando capital
(16:09) - Problemas de monetização e pivotagem rápida
(18:14) - Ponto chave da decisão de encerrar - Não virar um app de apostas
(21:39) - Modelo de negócio do Drafteam
(24:00) - Curto tempo de monetização e encerramento
(25:24) - O auge
(26:40) - Aquisição de clientes
(28:48) - Bastidores da decisão de encerrar
(35:50) - Valuation e quase venda
(37:53) - Aprendizados
(40:53) - O que fez igual e o que fez diferente ao empreender novamente
(43:45) - A decisão mais difícil que precisaram tomar
(47:15) - Estratégia vencedora para captar R$650k em um PDF
(51:44) - Dicas de Growth (e o que fez esta edição ter um formato inédito)
😎 Materiais para você se inspirar:
Pitch de 2017 que levantou R$ 650 mil. Acesse aqui.
Mensagem de prospecção que Antoine enviou para pessoas estratégicas e conseguiu atrair investidores dos sonhos:
Fala @fulano, tudo bem?
Você possui interesse em avaliar oportunidades de investimento anjo?
Estava como Head de Marketing & Growth no Kitado (fintech investida pela Monashees que cresceu de 4 para 40 pessoas no Cubo) e recentemente pedi demissão para empreender com meu sócio.
Estamos lançando uma plataforma de fantasy sports para concorrer com o Cartola FC (mercado bilionário nos EUA com +USD3bi em entry fees ano passado), e que aqui é dominado apenas pela Globo com 5MM active users e 300k paid actives (R$5,70/mês).
…
Leia a mensagem completa aqui.
Tem muita vida após o ‘não chegar lá’, o problema é o processo. Espero que esta edição tenha inspirado um pouco.
Até a próxima história!
→ Sigo em busca de novos casos para contar. Me indiquem, principalmente startups de base tecnológica! :)
→ Finalmente tomei coragem de começar a contar as histórias em vídeo e você pode acompanhar no TikTok e Instagram. Vou adorar te ver por lá.
Nati.
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Muito bom o seu blog, adorei
Gostei bastante do fato de ter aberto a possibilidade do vídeo e áudio. Particularmente, eu prefiro ler. Mas acho válido abrir essa possibilidade, principalmente, para novos leitores